A artista queria “desmistificar” a imagem da vagina perante a sociedade japonesa e acabou detida, acusada de violar leis contra obscenidade
Megumi Igarashi, 42 anos, que usa o pseudônimo Rokudenashiko (que na tradução ficaria “menina má, irresponsável”), foi acusada de distribuir material obsceno pela internet ao reproduzir um modelo digital de sua vagina para impressão 3D. Ela está recorrendo a todas as acusações alegando que sua prisão constitui uma censura ao seu trabalho.
Centenas de admiradores da artista e também da causa, consideram que a detenção é um “ataque à liberdade de expressão” e
criaram uma petição para que as acusações sejam retiradas.
A intenção de Megumi Igarashi era a construção de caiaques com o formato de sua vagina, apelidado carinhosamente de “Pussy Boat”. Ela fez uma selfie do próprio corpo, para em seguida, fazer uma impressão em 3D. Seu projeto teve o apoio via crowdfunding. A arrecadação de fundos teria rendido 1 milhão de ienes (aproximadamente 20.000 reais), conforme descrito em seu
website.
Com o caiaque já concluído, Igarashi enviou aos doadores não só fotografias da obra de arte, como também as originais que poderiam ser usadas para cada um deles fazer a impressão em 3D da sua vagina.
E foi por causa dessas imagens que, no sábado (12), a artista foi detida por ter infringido as leis japonesas. O Japão tem leis rígidas contra o que pode ser considerado obsceno.
Em seu
site, Igarashi explica que já fez várias obras de arte baseadas nos próprios genitais, com o objetivo de que a imagem da vagina se torne “o mais natural possível”. A vagina “tem sido um tabu enorme na sociedade japonesa (…) é considerada obscena”, enquanto a imagem do órgão sexual masculino “já faz parte da cultura pop”, afirma.
Sua prisão causou um debate no país em torno do que é considerado obsceno. “Não posso concordar com a decisão da polícia ao considerar as imagens obscenas”, disse Igarashi. “Pra mim, a vagina é como os meus braços ou as minhas pernas, não tem nada de obsceno”, argumentou.
Se for condenada, a artista poderá ser multada em 2,5 milhões de ienes (aproximadamente 54.500 mil reais) e uma pena de até dois anos na cadeia.
Órgão sexual é censurado no Japão
O Japão tem uma indústria pornográfica gigante, que engloba inclusive, nichos para fetichista nenhum botar defeito. No entanto, todos os filmes produzidos e distribuídos por lá sofrem de censura, mas alguns distribuídos pela Internet não são censurados, pois tecnicamente não são para o mercado japonês.
Veja o vídeo que a artista fez para promover o projeto: